sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Verdade ou Consequência?

     Eu amo o mundo mágico que as crianças vivem. Amo sua imaginação, suas brincadeiras. Me esforço para que a infância dos meus filhos seja o máximo e dure o máximo, pq passa tão rápido... Temos a vida toda para sermos adultos então pq apressar as coisas? Dessa forma, minha fofíssima primogênita, que tem 12 anos, acreditava no Papai Noel e cia até hoje! Juro! Como? Bom...
     Até os três anos é meio frustrante. Ver um velhinho barrigudo com uma giga barba, todo suado com aquela roupa "cheguei!" pode ser assustador. Giovanna já arrancou uma barba falsa, Juju chorou sem parar e o Pedro até hj não senta no colo dele nem a pau. Não chega nem perto!
     A partir dos três anos eles entram no clima e cabe a vc caprichar. É mole.
     Se vc tiver feito tudo direitinho, com uns cinco, caraca, só cinco anos, os danadinhos começam a desconfiar. Foi com essa idade que os desafios "não deixe sua filha perder a fé!" começaram.
     O primeiro foi um encontro com a priminha dela, Maria Eduarda, à época com 7 anos. Estávamos brincando na piscina e Nanninha peguntou se ela já tinha feito a sua cartinha. Ela deu a maior gargalhada e qd foi abrir a boca, quase tomou um caldo da titia aqui. Hehehe! Tudo pela minha causa! Peguei Dudinha no colo e saí puxando como se fosse uma brincadeira.
     - Não vai falar nada, pô!
     - Tia, não acredito, uahahahahaha!
     - Pois é! Não é fofo? Vc, como uma garota legal, tem que ajudar a titia e blá, blá, blá...
     Duda super fofa, topou na hora e o papo que eu passei foi tão forte que ela nunca abriu o boca!
     No ano seguinte, Enzo, amigão da Nanna descobriu. No que ele foi contar fui incisiva, afinal, ele é menino e é filho da Didi:
     - Enzo, se vc abrir essa boca vou te enfiar a porrada, hahahaha!
     Mas o Enzo é um amorzinho e achava engraçado a Nanna acreditar. Se juntou à causa e nunca contou.
     Quando ela estava com 7-8 anos a coisa começou a complicar.
     - Mãe, uma garota na minha escola me disse que o Papai Noel não existe.
     Confesso que eu gelei. A minha sorte foi que essa mesma caguete tinha roubado umas canetas da Nanna na semana anterior. Aí foi segurar a gargalhada, olhar nos olhinhos dela e falar com sinceridade:
     - Meu amor, é claro que ela falou isso. Papai Noel só dá presente para as crianças boas e legais. Criança mentirosa e ladra não ganha. Então pra ela é bem mais fácil dizer que ele não existe do que admitir o que ela é de verdade.
     - É mesmo!
     A essa altura do campeonato a cada ano eu caprichava mais, falava pro marido: "Bruno, esse ano temos que arrebentar! Vamos super incrementar pq, pôxa, esse é o último ano que ela acredita!!!" Kkk! Perdi a conta de qts vezes falei isso pra ele! Todo ano nós preparamos um lanchinho pro bom velhinho, compramos papéis coloridos, laçarotes, o presente que ele deixa sempre é o mais lindo. Teve um ano que compramos bolinhas de isopor, espalhamos na sala inteira e falamos que era neve! Hahaha! Maior trabalhão pra limpar depois!
     Aos 9 anos já não tinha mais o que eu fizesse, ela ia descobrir. Pra acabar com a dúvida, na carta que a Nanna escreveu pra ele - que sempre penduramos na árvore - ela fez uma pergunta e deixou um espaço para a resposta. Ferrou, pensei. Mas foi aí que a dúvida acabou de vez: ele existe! Abri o Word, escrevi a resposta e fui trocando a fonte até achar a letra mais doida. Daí copiei à mão! No outro dia qd ela viu, ficou de queixo caído e comentou:
     - Mãaaaaaaaaaaae, ele res-pon-deu! Olha só a letra dele, que liiiiiiinda!!!
     Aos 10 anos meu mundo caiu. Nanna foi passar o Natal com o pai dela e ele resolveu que já era a hora dela saber:
     - Giovanna, Papai Noel não existe.
     Mas ela acreditava tanto, tanto, que respondeu:
     - Ah, pai, pode parar. Um amigo da minha escola tb já me falou isso mas eu sei muito bem que ele existe!
     Imaginem a cara dele, que depois me confidenciou:
     - Caramba, Renata, queria que alguém acreditasse em mim como ela acredita nele! Acho que só no dia que vc contar pra ela é que ela vai entender.
     Apesar de não receber o presente do Papai Noel nesse ano, ela continuou acreditando. Só hoje me contou que até agora não entendia pq ele não tinha levado presente pra ela naquele Natal, principalmente pq a irmazinha dela tinha recebido, tadinha...
     Depois disso, Bruno e eu continuamos fazendo a mágica acontecer, até pq Julia e Pedro começaram a fazer parte das festas. Ano passado seguiu normal, ela me contou o que ia pedir pra ele, nós compramos, fizemos um lindo presente, colocamos na lareira, etc mas ficamos na dúvida se ela sabia ou se fingia que não para não "ferir nossos sentimentos", hahaha! Finalmente hj, estávamos nós duas na lavanderia, eu estendendo a roupa qd perguntei:
     - E aí, já fizeram a cartinha pro Papai Noel? (eles fazem juntos, pq só a Nanna sabe escrever e pq ela sempre "coordena" como será a carta)  
     - Hum... Ainda não. Eu estava aqui pensando... Não faz sentido acreditar que o Papai Noel distribuí milhões de presentes no mundo todo numa noite só. Mas faz menos sentido ainda acreditar que são vcs que compram pra gente e deixam na árvore... é muito estranho.
     Ainda bem que tinha um lençol entre nós e que eu estava com muiiiita dor nas costas. Sou meio doida, qd tô com dor nas costas me alongo e caio na gargalhada de dor e a Nanna sabe disso. Lá fui eu me alongar pra disfarçar! Fiquei doida pra inventar mais uma desculpa mágica mirabolante mas sinceramente, ela tem 12 anos! Outro dia vi um trecho de um episódio de Glee que tinha um garota adolescente que ainda acreditava. Achei ridículo. Pensei: como assim?! Nanninha acabou de se tornar adolescente. Que dor ser eu a acabar com aquela inocência! Ai, gente, tenso!
     - Pq vc acha que não faz sentido?
     - Ah, mãe! Pq ele sempre come o lanche que a gente faz, pq eu nunca vi nada, nunca achei presente escondido, ah, sei lá! (Missão dada é missão cumprida!)
     Daí começamos a rir. Eu abri os braços e falei:
     - Vem cá, minha coisa fofa!
     Optei pela verdade do que pelas consequências dela continuar criançona:
     - Vc acha mesmo que não faz o menor sentido eu comprar pra vc? Ô, minha lindinha, sou eu e o Bruno que fazemos tudo!
     Nessa hora, os olhinhos dela marejaram e ela ficou sem reação!
     - Nanna, tá tudo bem?
     - Tá... (tempo) Mas eu tô cho-ca-da!
     E morremos de tanto rir! Depois ficamos horas conversando sobre todos os dias mágicos, sobre o coelhinho da Páscoa, a fada do dente, a fada das chupetas (que eu inventei pra Juju largar as chupetas e funcionou que foi uma beleza!), sobre como será legal continuar fazendo a "mágica" pros irmãos... Para terminar o papo, frase ímpar da Nanninha:
     - Filha, vc gostou de eu ter te contado ou não?
     - Ah, mãe, eu gostei, né? Se vc não tivesse me contado era bem capaz de eu acreditar até os 18 anos!!!

Um comentário:

  1. Esse post explica muito de uma das coisas mais marcantes de nossa família: a vontade de fazer cada momento especial, cada memória única. É ótimo ver que tentamos conquistar uns aos outros a cada dia, com carinho, amor, elogios, "mágicas" e surpresas.
    Esses cenários do Natal com a Giovanna são apenas uma parte da estória. Penso em pelo menos uma dúzia de ocasiões envolvendo Páscoas e fadas, onde a própria Nanna, juntamente com a Juju e o Pedrão, deram algum show inesquecível.
    Um beijo especial pra minha adolescente bebezona!

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